Na região noroeste do Estado de São Paulo, a concentração das chuvas em poucos meses do ano é fator limitante à agropecuária convencional. Para explorar toda a capacidade da atividade, o produtor rural deveria lançar mão de sistemas de irrigação.
Segundo o Professor e Coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação na UNESP de Ilha Solteira, Fernando Braz Tangerino Hernandez, é comum o balanço hídrico regional registrar, furante sete ou oito meses por ano, um déficit na quantidade de água necessária ao desenvolvimento das plantas. “O irrigante está de posse da mais moderna tecnologia disponível que, juntamente com um programa de adubação equilibrado, reúne todas as condições para que o material genético em campo expresse todo seu potencial produtivo, o que certamente não seria obitdo sem esses insumos”, afirmou.
A irrigação requer conhecimentos interdisciplinares da pessoa que se propôe a instalar um sistema. “Tem de saber quais são as variedades mais adaptadas à região. Espaçamento de plantio adequados, adubação que satisfaça condições de alta produtividade, controle fitossanitário, combate à erosão, aplicação correta da água e comercialização devem ser encarados como parte de um só sistema e não etapas ou atividades isoladas”, disse.
Tangerino destacou que não existe um sistema de irrigação melhor o pior, mas aquele que é mais adequado à realidade de clima, solo, cultura, investimento e custeio.
A capacidade de controlar o fonecimento de água para a agropecuária tem, entre outras vantagens, a possibilidade de colher em períodos de entresafra e obter melhores preços, além de reduzir as chances de prejuízos provocados por veranicos (curtos períodos sem chuva) em etapas em que o fornecimento de água é fundamental para o desenvolvimento da cultura.
O Professor explicou que a irrigação visa impedir tanto a falta quanto o excesso de água por isso é preciso conhecer as necessidades de água à cada etapa.
O tipo de solo é um dos fatores preponderantes na escolha do sistema de irrigação a ser implantado na propriedade. Na região Noroeste de São Paulo, a predominância é de solos arenosos.
A irrigação através de sulcos no solo que levem a água às plantas é a forma mais barata que existe, mas é inviável economicamente para a maioria das culturas na região. “O solo de constituição mais arenosa absorve grande parte dessa água”, disse.
O solo também influencia a frequência e o volume de água da irrigação. “Solos argilosos têm maior capacidade de reter água que os arenosos. Por isso, a frequência de irrigação numa propriedade com solo arenoso poder ser maior”, disse.
A cultura ao qual se pretende irrigar tambem detemina o sistema a ser implantado. Na fruticultura, é muito utilizada a irrigação localizada por microaspersão e gotejamento. “Nesses casos, o fornecimento de água ocorre embaixo da copa, e, via de regra, não atinge as folhas”, disse.
O sistema reduz a área que receberá água, e, logo, implica em menores custos de operacionalização. “Gasta menos energia e menos água”, disse.
Marcelo Akira Suzuki, sócio gerente da IRRIGATERRA, de Pereira Barreto, afirmou que os sistemas mais eficientes para a aplicação de nutrientes são os localizados, recomendados tanto para a fruticultura quanto para horticultura. No entanto, como os oríficios de vazão de água são pequenos, o sistema requer mais cuidados com a qualidade da água que precisa ser filtrada para evitar o entupimento em alguns pontos e, logo, desequilíbrio no desenvolvimento da cultura. “Mesmo em captação de água de poços no subsolo, é preciso fazer a filtragem dessa água”, disse.
A irrigação por aspersão é dividida em aspersão convencional, aspersão com canhão d’água ou com carretel enrolador e, ainda, com pivô central. É recomendada para grãos, cana-de-açúcar, pastagens e, em alguns casos, para horticultura.
Segundo Suzuki, em função do solo edas elevadas temperaturas, os projetos de aspersão para o Nordeste e Oeste paulistas precisam de motores mais potentes que contibuam para minimizar os efetios da evaporação.
Uma preocupação comum entre os irrigantes é determinar quando e quanto irrigar. “Saber o momento certo de iniciar a irrigação e quanto de água devemos aplicar é objetivo do manejo racional da irrigação”, disse.
Tangerino afirmou que, toda vez que o produtor tiver a intensão de implantar um sistema de irrigação, deve pedir duas variantes de projetos para comparar qual é o mais interessante para a propriedade e a cultura. “As vezes, um investimento inicial maior é compensado por gastos menores com água e energia”, disse.
Carlos Eduardo de Souza. Diário da Região, AgroDiário, São José do Rio Preto, 12 de Dezembro de 2004, p. 6.