Irrigação no pastejo rotacionado resulta em maior rentabilidade

06/12/2004

Votuporanga – 06 de dezembro de 2004 – Maior lotação de gado no pasto e produção de leite acelerada. Esses são alguns dos benefícios obtidos com a adoção de uma técnica desenvolvida pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), colocada em prática pela CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integrada) e adotada por produtores da região noroeste paulista: o pastejo rotacionado irrigado. O sistema simples e de custo considerado baixo resulta em melhor aproveitamento das pequenas áreas de pastagens, realidade inerente à maioria dos produtores da região.

O pastejo rotacionado consiste na divisão de uma área de pasto em piquetes. O gado é colocado cada dia em um piquete e um fio de arame eletrificado com baixa voltagem impede que os animais saiam da área delimitada. Ao chegar ao último piquete, o capim do primeiro já se renovou e o ciclo recomeça.

Esta técnica tem sido trabalhada e difundida pelos profissionais da CATI através do Projeto de Viabilidade Leiteira em Pequenas Propriedades. Segundo José Carlos Rossetti, Coordenador da CATI, “com esse projeto estamos viabilizando a pecuária leiteira em mais de 100 pequenas propriedades rurais e isso tem encorajado outros pecuaristas a adotarem este sistema de produção”.

“Com a irrigação no pastejo rotacionado, podemos otimizar o uso do pasto por praticamente nove meses no ano; sem a irrigação, seriam cinco meses de uso. Só não conseguimos trabalhar durante os doze meses do ano devido aos dias frios, que não favorecem o desenvolvimento da gramínea”, explica o Engenheiro Agrônomo José Sabino Júnior, um dos técnicos da CATI, que desenvolve o projeto de pecuária leiteira na região de Fernandópolis e a irrigação é uma prática a mais entre outras tecnologias utilizadas no trabalho.

Na região de Fernandópolis, dos 40 produtores envolvidos no projeto, aproximadamente cinco já implantaram o sistema de irrigação no pastejo rotacionado. “Ainda estamos em fase de teste, não temos nem um ano de uso da tecnologia”, justifica Sabino. O Agrônomo afirma, porém, que as vantagens são inquestionáveis. “É possível trabalhar com um número maior de animais por área. Sem irrigação e adubação, a média é de 1 a 1,2 UA (unidade animal) por hectare. Em pastos com irrigação e adubação, dependendo da gramínea, conseguimos de 8 UA a 10 UA por hectare”. Sabino fala que a irrigação possibilita tais resultados porque interfere na melhora da eficiência da adubação.

O Engenheiro Agrônomo aponta que são utilizados dois sistemas de irrigação: por aspersão convencional e por aspersão em malha. A vantagem da convencional é que o custo de implantação é mais baixo; a desvantagem é que necessita de maior mão-de-obra, pois há a necessidade de mudança das linhas laterais. Quanto ao sistema em malha, a vantagem é que ele utiliza menos mão-de-obra e tem um custo semelhante. A necessidade de mão de obra, neste caso, é para o rodízio de aspersores. Neste caso, toda a tubulação é enterrada.

O Engenheiro Agrônomo Marcelo Suzuki, Gerente da IRRIGATERRA, empresa especialista na implantação de sistemas de irrigação explica que na irrigação por aspersão em malha se trabalha com lâminas (precipitação do aspersor) baixas, possibilitando a utilização tubulação de menor diâmetro e conjuntos moto-bombas de baixa potência. Com atuação na região oeste paulista esclarece que “a irrigação por aspersão em malha tem recebido a preferência especialmente dos produtores de leite principalmente pela economia de mão de obra e ainda por possibilitar a irrigação noturna, melhorando a eficiência da irrigação”.

Para o Professor Doutor Fernando Braz Tangerino Hernandez, especialista em engenharia de irrigação e Coordenador da Área de Hidráulica e Irrigação na UNESP (Universidade Estadual Paulista) Ilha Solteira, a irrigação no pastejo rotacionado ainda tem um longo caminho a percorrer na região noroeste paulista. “Estamos em uma região com pequenos produtores, mas aos poucos está aumentando o número dos que adotam o sistema. Os resultados compensam os custos, é uma maneira de garantir maior produtividade.”, relata.

Tangerino salienta que, como a chuva não está caindo com regularidade, a irrigação é um ótimo investimento para quem busca lucratividade. “Para a pecuária de corte, os resultados são um gado mais alimentado e maior número de cabeças em uma mesma área. Na pecuária leiteira, ocorre um aumento na produção de leite. Conseqüentemente, a lucratividade é maior”.

O Engenheiro Agrônomo Mauro Takao Suzuki, da IRRIGATERRA, diz que a inexistência de linhas de crédito para implantação do sistema é um entrave para os produtores. “Hoje, o custo médio de irrigação é de R$ 3 mil por hectare, para irrigação do tipo aspersão em malha. Nossa empresa tem feito o parcelamento do investimento em até três vezes, viabilizando a implantação dos sistemas de irrigação para vários pecuaristas”.

InFocus Assessoria e Comunicação

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