A irrigação nas pequenas propriedades tem se destacado cada vez mais no setor da atividade leiteira. A viabilidade vem em função da associação da técnica à adequação de variedades (capim adequado), sistema de pastejo rotacionado intensivo e uso de adubação. Como a região Noroeste é considerada uma das mais quentes do Estado de São Paulo, a utilização do processo resulta em condições favoráveis para a planta expressar seu maior potencial produtivo. Há cerca de três ou quatro anos a técnica começou a ser trabalhada, mas a expansão maior foi percebida entre o ano passado e este. A diretoria da IRRIGATERRA, empresa especializada em projetos de irrigação, por exemplo, registrou um aumento no volume de negócios de 0,5%, em 2003, para acima de 22%, em 2004. Já neste ano, a estimativa é de um índice de expansão de 50%.
Algumas das causas da procura maior são os bons resultados obtidos pelos produtores e do trabalho de pesquisa que envolve a iniciativa privada e as casas da agricultura no sentido de orientações e divulgações. Todas as possibilidades utilizadas, atualmente, no setor agrícola surtem efeito desejado sempre quando associadas aos processos de irrigação, vistos como uma complementação. Isso é constatado, principalmente, porque as plantas apenas conseguem absorver nutrientes através da água, elemento indispensável.
De forma geral, os produtores do meio rural encontram-se descapitalizados, mas, por um outro lado, houve, dentro da concepção das novas tecnologias de irrigação (pastejo rotacionado), a adequação de fatores de capacitação técnica direcionada aos pequenos produtores para que possam utilizar recursos próprios. As indústrias e empresas hoje têm possibilitado condições para que todos possam fazer seus investimentos, inclusive com o ajuste dos projetos de irrigação para que fossem viáveis.
Segundo o Agrônomo e Gerente Comercial da IRRIGATERRA, Marcelo Akira Suzuki, o processo foi barateado dentro de uma conepção técnica de projeto de forma que não houvesse redução de qualidade, mas a queda dos custos de instalação e operacionais de mão-de-obra. “Podemos dizer que os custos caíram cerca de 30% desde quando a técnica passou a ser trabalhadas. Em termos de percentagem talvez não seja tão significativo, mas em valores reais conseguimos perceber melhor a diferença. O equipamento de irrigação para o pastejo rotacionado custa, hoje, R$3,5 mil (por hectare). Outros sistemas chegam a ficar entre R$4 mil a R$5 mil”.
Resposta
Em cada parte irrigada da propriedade, a resposta positiva em termos de aumento de lucratividade para o produtor é considerada muito alta, principalmente, no pastejo rotacionado. “Na comparação entre áreas irrigadas e sequeiros, é possível haver um salto de cinco animais por hectare para 15 ou 20 unidades. Temos exemplos concretos em Votuporanga de pequenas áreas com resultados extraordinários”.
Explica que o resultado imediato nas áreas de pasto é possível pela gramínea já estar presente no solo. Assim que iniciado o processo de irrigação, outro fator favorável, sobretudo na região nordeste, é a falta de restrições quanto à luminosidade e nutrientes na maior parte do ano. “Geralmente, a resposta se dá no primeiro ciclo de pastejo, ou seja, em torno de 30 ou 60 dias”.
Utilização
Na atividade de pastagem, apesar da pecuária leiteira se sobressair, existem grandes empreendimentos voltados para a pecuária de corte ou áreas de produção de alimentos para abastecer este setor. “Além da pecuária, a irrigação tem sido implantada com resultados positivos nas plantações de café”. Fora do país, investimentos consideráveis em processos de irrigação são percebidos na África, EUA e China, onde predominam os cereais como sendo os comodites de maior valor.
Em termos de grandes produtores, há aqueles que se voltam para o plantio irrigado de cereais. Este número, entretanto, é modesto hoje em função da situação do agronegócio. “Os principais commodities de cereais estão em baixa e isso tem travado bastante os investimentos”, lamentou Suzuki.
Diário de Votuporanga, Caderno Economia, 19 de Junho de 2005, p. A4.